28/29 e 30 de Abril de 2012
No Caminho para Santiago de Compostela...
Um dia o Messias falou... estou a organizar uma viagem a
Santiago !!! convite aqui, palavra ali, e logo se juntaram 16 candidatos a esta
mítica aventura.
Infelizmente um não pode seguir... o Paiva, devido a uma
lesão, provocada por uma queda infeliz, num dos treinos nocturnos.
A juntar ao grupo, dois elementos de apoio, o Barros e o
Jaime (não sou eu, é outro...), perfazendo assim um total de 17 peregrinos numa
aventura memorável, á qual me vou referir nas linhas seguintes.
Dia 1
Partimos da Sé, no Porto, com um elemento extra no grupo, o
Rocha... homem do Norte, com nome forte e pedalada ainda mais !!! (amigo do
Messias...)
Os primeiros Kms à saída do Porto, não foram fáceis pois os
sentidos do transito não nos eram favoráveis, o que demonstra que esta viagem
não está pensada para quem não faça a peregrinação a pé... mas isto, não
desanimou ninguém.
Saídos do caos, tínhamos o Rocha a liderar as hostes, e a
lançar palavras de incentivo... “Bamos lá !!!”, “Bamos esticar um pouco !!!”...
e os Kotas, lá iam indo no seu passo “enganador” atras do homem do Norte.
Mais parecia a corrida da lebre e das tartarugas ???...
“Bamos ganhar Kms carago...”
De salientar que mesmo aqui, já dava para ver muitos
peregrinos na estrada, o que não deixava de ser positivo.
Até Barcelos, foi quase sempre por alcatrão, o que para nós
“tartarugas”, não trazia nada de novo.
Na terra do Galo, que se encontrava em festa, parámos para
almoçar, e como a malta não queria perder muito tempo, a escolha do menu caiu
sobre uma sopa e um prego para todos !!! só que um prego em Barcelos é algo de
divinal, ao ponto que só uma foto pode elucidar do que falo... 5 estrelas.
Daqui para a frente, e de barriga cheia, começou a surgir a
terra... terrenos adorados por nós “tartarugas”... e a lebre, começava a sair
da frente ??? Basicamente, já só gritava do meio do pelotão !!!
Há medida que o tempo ia passando, os Kms avançando e as
subidas surgindo, o Rocha ia perdendo a seu fulgor, e nós, bichinhos lentos,
sempre no nosso passinho de Kota, lá íamos superando as dificuldades.
A lebre do primeiro dia... |
Num dia de 100 Kms (mais ou menos...) todos chegámos bem ao
destino... Ponte de Lima !!! todos, excepto o Rocha, que acabou a bater na
reserva, provando que as lebres nem sempre ganham a corrida.
Para mim e para a Carla, o ponto de descanso era diferente
dos restantes, pois tínhamos cama em casa de familiares, com direito a jantar,
regado por um verde branco e outro tinto caseiro... foi cheio, escusado será
dizer.
Depois de um pequeno passeio pedonal, já na companhia dos
nossos companheiros de viagem, era tempo de descansar para o dia mais difícil
desta viagem,
Dia 2
Após mais uma refeição caseira, era tempo de juntar ao grupo
e preparar a luta...
Mal saímos de Ponte de Lima, vieram as dificuldades... lama
e subidas.
A subida mais famosa destas bandas... a Labruja, acabou por
ser feita à vontade, mas com alguns fo...ses pelo caminho !!! nada de especial.
Aqui, o Messias, num momento de tentar demonstrar o seu
potencial de trepador, a outro grupo de peregrinos, basicamente derrubou grande
parte das pedras carregadas por homens e mulheres como nós, até ao local !!!
nem um metro subiu... só visto.
Passada a Labruja, vieram as descidas perigosas, nas quais o
inevitável Rui Sousa caiu, mesmo com os meus constantes avisos ??? felizmente
nada de grave.
Chegados a Valença, foi tempo de um belo piquenique
arranjado pelos nossos excelentes apoiantes, que não nos deixavam faltar nada.
Depois do repasto,
veio o primeiro banho... o São Pedro deu-nos forte e feio na nossa entrada em
Espanha... felizmente que foi durante pouco tempo, e o terreno não se ressentia
da intempérie.
Num dia com subidas... umas atras das outras, mais uma vez
foi digno ver que estes Kotas foram passando os montes um após o outro sem
nunca se ouvir um queixume de dor ou cansaço, garantindo assim a nossa chegada
a Pontevedra antes do fim do dia.
Mais uma vez, peregrinos na estrada, eram ás centenas, e
grande parte deles a pé... a fé, faz mexer muita gente sem duvida.
Nesta terra Espanhola, com um centro histórico maravilhoso,
digno de se perder umas horas a ver os monumentos, tomamos a merecida refeição
repleta de calorias para repor as quase 10 horas de viagem deste dia
desgastante.
Dia 3
Para o último dia, o céu já se apresentava muito mais
ameaçador, mas mesmo assim não era o suficiente para tirar a vontade a estes
homens.
Por entre trilhos e caminhos, tivemos mais uma queda... a do
Carlos, que por distracção caiu numa valeta repleta de água !!! uma risada para
nós, mas uma molha para ele.
Não foi de espantar que mais uma vez, os Kotas subiram tudo
o que havia para subir, por trilhos maravilhosos até chegarmos a Santiago de
Compostela em condições de fazer inveja a muito jovem.
De realçar, que ao longo de 3 dias, e sendo nós 15
pedalantes, não tivemos uma única avaria nem furo !!!
Não querendo exagerar, certamente que apanhámos centenas,
para não dizer 1 milhar de peregrinos no caminho... maravilhoso e inspirador.
A todos os intervenientes desta viagem, e em especial aos
sexagenários Messias, Neves e Guerra, os meus sinceros parabéns pelo feito
alcançado... e como é óbvio aos homens do apoio... Barros e Jaime ( o
outro...), um enorme obrigado, pois sem eles não teríamos chegado lá tão bem.
Como deu para reparar, aqui, só fiz um resumo desta viagem,
pois esta daria para escrever um livro, mas, agora que aqueci as teclas vou
partir para algumas particularidades que forma acontecendo ao longo destes 3
dias...
3 comentários:
Jaime não me desiludiste está perfeita a narração, tu tens jeito para a escrita já pensante nisso.Um abraço. A.Messias
Amigo Jaime, pela 2ª vez tive o prazer de chegar a Santiago de Compostela na vossa companhia e desta vez sem os ocupas que lá estavam o ano passado.
3 dias de pedaladas em grande sempre com animação e boa disposição.
Há que repetir, mas agora noutro Caminho.
Abraço
Estou com o Messias, toda a descrição deste evento não podia estar melhor, não sei em quem é que te inspiras quando escreves mas não há duvida que a veia poética está ai sempre bem viva, um dia destes vais ser contratado para descrever os eventos no blog do Passatempo BT.
Abraço
José Costa Santos
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